Existe na mente humana a inata concepção da transitoriedade das coisas materiais, mas que é sufocada pela ilusão da onipotência e da perpetuidade, frequentemente utilizada por aqueles que ainda não vislumbraram os caminhos desconhecidos da espiritualidade.
Nestes há a consciência de que o interior é tudo e o exterior, mero reflexo da vida maior, ainda velada.
Porque será que não percebemos, que escrevemos a história com nossas mãos? Não damos conta e ficamos alheios ao que fazemos, vivemos maquinalmente. Nossas mãos e a cabeça ocupam-se de coisas diferentes e podendo até a dizer alheias, um estranho divórcio operado entre nós e por nós. É como se quiséssemos que as horas e os dias passassem acelerados, sem atentarmos para o que foi feito.
A mente, os interesses, sempre distantes da ação concreta que realizamos. Não vejo e muito menos creio que seja essa uma atitude muito saudável. Observo essa conduta em muitas pessoas, pura e simplesmente porque não dão atenção ao momento que vivem.
E o mais incrível, é tudo tão simples, por que temos tanta dificuldade com isso? Será cultural? Uma falha na nossa educação? E o mais engraçado é que hoje exigem que estejamos ligados e fazendo funcionar várias coisas ao mesmo tempo. As vezes me sinto como se fosse um "benjamim" daqueles que se conecta em tomadas e ligamos vários utensílios elétricos, um dia dá um curto circuito, pega fogo e babau, acabou. Mas, ainda assim, não enxergamos, ou não aprendemos os limites da natureza.
É até ridículo, pois falamos tanto em limites, limite pra cá, limite pra lá, limite pra esse, limite pra aquele e, para nos mesmos não enxergamos. Somos até capazes de ligar um "benjamim" no outro. Pior é notar quando falamos para alguém que o problema é atenção, isso é encarado como algo banal e de fácil solução. Meu Deus não é assim.
Essa ausência que é em última análise a falta de atenção, é grave, impossível recuperar as nossas ausências, os espaços vazios que deixamos nas horas passadas, e digo que não tem como preencher esse vazio histórico, não tem como refazer atitudes e escolhas onde nossas mãos trabalharam e nossa mente voou, divagou, não refletiu, esta feito, como uma pintura, passada a tinta, está feito, sem bem ou mal só o tempo vai dizer.
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